O Pranto e o Tamborim
Robson Batuta
e se as peles dos surdos, repiques caixas, por vezes são manchadas de sangue pelas mãos que nelas embatucam, ao sinal do último apito, todo couro é calado.Merecido repouso nas prateleiras de um cantinho de quarto da quadra da Escola
O Tamborim!
Ah!O Tamborim!
O mais portátil da Bateria
Depois de muitas dobras de "carreteiro"e soar malandramente desafiando métricas e compassos,"zigzagueando"na brisa do vento agudamente, segue ainda em poder do seu tutor batuqueiro
De prosa em prosa.
De boteco em boteco.
Dividi espaço nas mesas respingadas
De mão em mão faz "groove" pra vozes roucas, embebedadas, felizes.
E vai testemunhando fantasias perdendo o brilho, se desmanchando a cada hora passada
A volta pro morro é lenta.Quanto mais longe da passarela, mais perto da realidade
E quando o direito de sonhar e viver se separam.
Ou se sonha ou se vive.
E vivendo o pranto rola.
Antes da alegria por viver um sonho.
Agora de tristeza pelo sonho que acabou
É fim de Carnaval
Mas no alto da Favela é assim, para esconder o pranto
Ainda se toca tamborim.
Robson Batuta, SP 2021.